domingo, 3 de outubro de 2010

Mapinguari

Mapinguari é um animal fabuloso, semelhante ao homem, mas todo cabeludo.
Os seus grandes pelos o tornam invulnerável à bala de qualquer calibre. Segundo a lenda
é ele um terrível inimigo do homem, a quem devora e despreza. Mas devora apenas a cabeça. Mata sempre, infalivelmente, obstinadamente, quem encontra pela frente. Mata para comer. O Mapinguari tem a posição anômala da boca, rasgada do nariz ao estômago, num corte vertical, cujos lábios estão sempre sujos de sangue. Ao contrário de outras entidades fabulosas, o Mapinguari não anda durante a noite. Durante a noite, dorme. O perigo é de dia, a penumbra no meio das florestas fechadas que mal deixam passar a luz do Sol. Na obscuridade dos troncos de muitas formas o Mapinguari se destaca, surge bruscamente, para atacar e ferir. Mas não avança silencioso como seria a lógica. Vem berrando alto, gritos soltos, curtos, horríveis, que deixam suas vítimas atordoadas, sem ação. De longe os homens ouvem seus apelos terríveis. E fogem, sem olhar para trás. É como se o Mapinguari estivesse desafiando os corajosos para um encontro supremo, face a face. Quando ele apanha um caçador, mete-o debaixo do grande braço forte como aço, mergulha-lhe a cabeça na imensa bocarra e masca-o, isto é, come-o aos poucos, mastigando lentamente, remoendo.

Como eliminá-lo? Ele só é vulnerável no umbigo.

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