sábado, 2 de outubro de 2010

Navios Fantasmas


Há muitos e muitos anos, assim diz a história uma embarcação entrou no porto da ilha de Batz, na Bretanha, logo ao amanhacer. Os pescadores locais levantaram os olhos de suas redes e reconheceram a nave como uma das que eram tripuladas por gente de vizinhanças. Escutaram vozes vindas de la dando ordens e anunciando a praia.
Então, para espanto deles, o barco desapareceu da visão, sumindo como um fiapo de névoa sob o sol quente. Mais tarde ficaram sabendo que ele afundara a quilômetros dali, no exato momento de sua aparição no porto.
Os marujos vêm contando essas histórias de navios fantasmagóricos desde os primordios da navegação. Alguns dos navios espectrais das lendas, o mais famoso é o Holandês Voador, foram avistados diversas vezes, segundo se diz. Um navio desses pode ficar rondando em um canto tempestuoso dos mares, assombrando o lugar no qual foi atingido pelo desastre. Outros podem aparecer
em qualquer parte, como um prenúncio de calamidade. Outros, como o de Batz,são vistos apenas uma vez, no momento em que mergulha para sua tumba aquática.
Em alguns casos o navio não assombra, mas é assombrado, ocorrem fenômenos fantasmagóricos em um barco real. Aqui você encontrará histórias incriveis que, por séculos, permanecem sem explicação.

Holandês Voador: O Holandês Voador é o navio fantasma mais famoso do mundo e sua história nasceu de uma lenda comum a dois países: Holanda e Alemanha. Segundo a tradição, a embarcação navegava na região do Cabo das Tormentas [hoje, Cabo da boa Esperança, extremo sul da África], na época, um lugar considerado como o mais temível dos oceanos, habitado por monstros, um ponto além do qual nenhum marinheiro se arriscaria nos primeiros anos das Grandes Navegações [na chamada Idade Moderna]. Conta-se que o capitão do Holandês desafiou estas criaturas fantásticas tentando contornar o Cabo desencadeando a ira de violentas forças da natureza. Colhida pelo mau tempo enfeitiçado, a tripulação não resistiu à violência das ondas.
Todos pereceram e o Holandês, alquebrado e deserto, continuou vagando pelos oceanos assombrado pelos fantasmas, carregando a maldição de arrastar para naufrágio e morte todos os barcos e marinheiros que cruzam sua rota. Em outra versão, o navio ficou amaldiçoado porque o capitão perdeu sua alma em um jogo com o Diabo. Toda a tripulação teria morrido vítima de uma peste. A cada sete anos ele aparece em algum litoral e o capitão vai à terra; se ali conseguir seduzir uma donzela, a praga do Demo será retirada. O capitão parece não agradar muito às mulheres posto que o Holandês Voador continua legendário apavorando os marujos que temem avistar seu espectro, iluminado pela luz bruxuleante que emana dos espectros, surgindo do nada no meio de uma tempestade.

Marie Celeste: O Marie Celeste foi construído na Nova Escócia [Canadá] em 1861 e chamava-se Amazon. Em 1869, foi re-batizado como Marie Celeste e com este nome entrou para o rol das lendas sobre navios-fantasma. A troca foi uma tentativa de mudar o "astral" do barco, que sofrera muitos infortúnios e teve muitos proprietários. Providência inútil. Ele parecia maldito desde o começo. Em sua última viagem, em novembro de 1872, partiu de Nova Iorque com um carregamento de metanol, oito tripulantes e dois passageiros. Seu destino era Gênova, Itália. Em dezembro daquele ano foi encontrado à deriva no arquipélago de Açores [território de Portugal], inteiro, com a carga intacta porém deserto. Parecia ter sido deliberadamente abandonado. Manchas de sangue foram encontradas na amurada e uma espada, também marcada com sangue estava escondida debaixo da cama do capitão. O que aconteceu no navio, ninguém soube jamais.

Constellation: O mais antigo navio da frota americana é uma fragata à vela, veloz nave de guerra. Foi construída entre 1794 e 1798 e equipada com 36 canhões. Depois de 63 anos de históricos serviços prestados à Marinha dos Estados Unidos, foi "encostada". Durante alguns anos, reformada, serviu como navio-escola da Academia Naval de Annapolis [Maryland]. Enfim, desativada e abandonada começava a deteriorar quando, por iniciativa dos cidadãos de Baltimore [também em Maryland], foi restaurada e aberta à visitação pública, em 1968.
Logo, o zelador do navio começou a suspeitar de assombrações baseado em relatos de visitantes que testemunharam estranhas aparições. O caso chamou a atenção do pesquisador de fenômenos paranormais Hans Holzer que começou a investigar auxiliado pela medium Sybil Leek. As impressões da medium, devidamente gravadas e documentadas passaram à análise do pesquisador. Foi comprovado que as personagens das visões de Leek no Constellation tinham, de fato, existido. Eram quatro fantasmas e pertenciam a épocas diferentes.
O Capitão Thomas Thruxtum, que em 1799 comandou uma batalha naval contra o navio francês l'Imergent. Thruxtum descobriu um marujo, Neil Harvey, que devia estar de sentinela, escondido, com medo no meio da luta. Condenou-o à morte na boca do canhão nº 3, morte indigna, reservada aos traidores e covardes. O capitão e o condenados eram as duas assombrações mais antigas. Um jovem grumete era a terceira: fora assassinado por dois marinheiros, à bordo, em 1822. O fantasma mais recente era o dinamarquês Carl Hansen, que dedicou sua vida ao navio como vigia; morava na embarcação. Aposentado de sua função em 1963, jamais se acostumou com a vida longe do barco. Já velho, morreu sozinho num asilo, sem família, sem lar, sem amigos. Desencarnado, voltou a habitar o Constellation, única referência afetiva tinha neste mundo.

Grest Eastern: O gigante transatlântico de casco de ferro Great Eastern, cinco vezes maior que qualquer outro navio da época, foi forjado pelo infortunio. Cinco homens morreram durante sua construção, e outro, um rebitador, desapareceu; correu o boato que seus colegas de trabalho o haviam selado acidentalmente no casco duplo do navio. Quando o barco foi lançado ao marem 1859, uma caldeira explodiu, matando cinco tripulantes.
O capitão logo se queixou de ter sido varias vezes acordado por um constante martelar nas entranhas do navio, ruido atribuido pelos marinheiro ao fantasma do rebitador reso no casco. O martelar foi relatado repetidamente ao longo de toda carreira malfadada do navio. Nunca foram vendidas passagens suficientes para pagar suas viagens. Era perceguido por tempestades e acidentes. Em 1862 ele atingiu um rochedo submerso ao largo de Nova York. Os trabalhadores que estavam consertando o casco ficaram aterrorizados, mas acabaram por atribui-lo ao cordoame batendo contra o casco, abaixo da linha d'água.
Em 1865, a infeliz embarcação encontrou emprego na colocação de cabos transoceânicos, tarefa ignominosa para um transatlântico de luxo. Em 1887, com sua carreira terminada, quase afundou quando estava sendo rebocado para um estaleiro de demolição em Liverpool, e segundo consta, o legendario martelar foi mais uma vez ouvido. O fantasma pode finalmente descaçar em 1889, quando os trabalhadores cortaram o casco e encontraram um esqueleto humano ao lado de uma bolça de ferramentas enferrujadas.


Charles Haskell: Em um dia tempestuoso de 1869, a escuna Charles Haskell, de Gloucester, em Massachusetts, encontrou um lugar para ancorar durante a noite entre os barcos que abarrotavam o banco Georges, uma area pesqueira no atlântico. Caida a noite, um vendaval arrastou a ancora do Charles Hadkell, que colidiu contra outro barco de pesca, este afundou tão rapido, com toda a tripulação, que só depois o apitão e os marujos ficaram sabendotratar-se do Andrew Jackson de Salem.
Naquela mesma semana, segundo a história, um marujoque fazia guarda à meia noite no Haskell avistouum movimento no convés da proa. Enquanto ele olhava, figuras espectraiscomeçaram a subir a bordo por cima da grade, com seus oleados gotejantes. Uma tripulação de fantasmas, presumivemente os homens de Jackson, começou a trabalhar em silêncio, içando velasinvisiveis e lançando redes fantasmagóricas. Consta que eles voltaram todas as noites, até o Haskell regressar para casa. De volta a glowcester, a tripulação ecusou-se a seguir trabalhando nele. Após passar meses no porto, o navio foi vendido para um homem de Nova Escócia, que decidiu nunca mais levá-lo para o banco Georges. Os pescadores espectrais , contam nunca mais apareceram.


Palatine: O navio holandês Palatine zarpou de Amsterdã em 1752, levando cerca de 300 imigrantes para a América. Após uma viagem terrivel, atormentado por tempestades, a embarcação teve um fim calamitoso por volta do natal, ao largo da ilha Block, na entrada do estreito de Long Island.
Segundo um relato, saqueadores de naufragios usaram um sinal de luz para atrai-lo para as rochas, saquearam o navio depois atearam-lhe fogo. Os passageiros foram desembarcados, mas quando as chamas estavam consumindo o Palatine, um grito silenciou os saqueadores. Entre as chamas e a fumaça, viram uma mulher solitária e atormentada arrastando-se pelo convés incendiado.
Na época do Natal, um ano depois e nos anos seguintes, os moradores da ilha Block continuaram a assistir a volta do Palatine em chamas. Em 1869, um velho chamado Benjamin Corydon, que crescera no continente em frente a ilha, admitiu ter visto por oito ou nove ocasiões a nave espectral, com todas as velas içadas e em chamas, e que suas visitas haviam cessado quando morreu o último dos saqueadores que o tinham atraido para destruição. Mas talvez ele tenha falado cedo demais, em 1969 foi mais uma vez relatada a aparição do navio fantasmal em chamas.

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